terça-feira, 7 de outubro de 2008

Onde a esperança tem vez

Existem pessoas que não esperam as coisas acontecerem e sim, lutam para que algo melhor se concretize e o Brasil se desenvolva. Maria Ignez Breder Barreto é umas dessas batalhadoras, tendo sua história de vida confundida com a construção da democracia brasileira.


Era uma vez... em Nova Friburgo, no interior do estado do Rio de Janeiro, uma grande família que vivia numa casa que tinha um fogão à lenha, onde as roupas eram passadas com ferro à brasa e os banhos tomados em bacias. Apesar de não haver as facilidades da vida moderna, a tranqüilidade estava presente no cotidiano das pessoas. As crianças brincavam na rua e podiam ir e voltar sozinhas do colégio.
Nesse cenário, no finalzinho da década de 1940, nasceu Maria Ignez. Desde pequena já se preocupava com as pessoas ao seu redor, ajudando em casa e cuidando dos seus 11 irmãos. Muito estudiosa e participativa na escola, conversa longamente com seu pai sobre cidadania e respeito ao próximo. Com 14 anos começou a trabalhar e, sem largar os estudos, passou a freqüentar as aulas à noite. Logo, passou em um concurso público e foi ser professora em um município vizinho, mas continuou estudando.
Em 1968, o Brasil e a vida de Ignez mudaram. A Ditadura Militar brasileira entrou em seu momento mais violento. Maria Ignez ficou noiva e casou com Waldeck, um homem que compartilhava de seus ideais de liberdade. Em 1970 a vida do casal se alegrou com a chegada da primeira filha, a Débora. Em uma noite de 1971 a família teve que fugir do país devido a perseguições políticas e foram buscar asilo no Chile.
Aos poucos tentaram reconstruir a vida no Chile, Waldeck foi trabalhar como operário e ela foi dar aula na creche de uma fábrica estatizada, além de estudar na Universidade Católica do Chile. Quando a vida já estava tomando um rumo e as vésperas da chegada do segundo filho, veio o golpe que destituiu o presidente Salvador Allende e a ditadura foi instaurada no país. Com ajuda da Cruz Vermelha e da ONU eles seguiram em exílio para a França. Chegando ao novo país, ao desembarcar do avião, André nasceu. A vida seguiu, e eles viveram por seis anos na França, quando, em 1979 veio a anistia e finalmente os quatro regressaram ao Brasil.
Por complicações burocráticas, demorou sete anos para conseguir voltar ao seu antigo cargo público. Nesse meio tempo, fez novo concurso e passou, ficando então, com dois empregos e chegou sua caçulinha Natalia.
Ignez trabalhou muito por uma de suas maiores paixões: a educação. Reuniu com o grande educador Darcy Ribeiro para contribuir com a construção do CIEP (Centro Integrado de Educação Pública), tido como referência em sistemas educacionais no país. Infelizmente, foi obrigada a se aposentar devido a um câncer.
Conseguiu vencer mais essa batalha e mesmo não estando a frente de algum cargo na rede pública de ensino, nunca abandonou seus ideais e segue em defesa da cidadania participando de movimentos sociais.

5 comentários:

Era uma vez... Alguém disse...
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Zana Ferreira disse...

Oh gracinhaaaa!!! Eu achei essa história tão lindinha. É como dizia aquela propaganda "heróis existem", e definitivamente essa é uma genuína heroína brasileira! Parabens, meninas por esse achado!

Débora Antunes disse...

Legal a história dela, o Joséllio tinha comentado em meu blog que no Brasil tem muita gente boa, nós é que não ficamos sabendo disso, ela parece ser uma dessas pessoas. Além disso, tem bom gosto para colocar nome nas filhas :)

Carlos d'Andréa disse...

Interessante história, meninas. Inês, por acaso seu nome seria inspirado no dela? Fiquei curioso para ver um foto da personagem! Carlos

Nath disse...
Este comentário foi removido pelo autor.