quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Conexão Líbano-Brasil

Têm pessoas que embora tenham nascido em determinado país, acabam encontrando seu verdadeiro lar num continente bem distante. É o caso do Sr. Abdou Nagib Obeid, que saiu do longínquo Líbano e veio parar em Viçosa.




Era uma vez... Abdou Nagib Obeid nasceu em Bzibidin, no Líbano dia 05 de outubro de 1921. Quando Abdou tinha apenas 10 anos, seu pai faleceu e ele ajudou a criar seus dois irmãos mais novos com a ajuda das suas três irmãs mais velhas. A partir daí, começou a trabalhar e estudar. Trabalhou em várias profissões: foi sapateiro, açougueiro, comerciante, chefe de partido político, dentre outras.
O Líbano nesta época estava sendo governado pela França, por isso, desde seus primeiros anos na escola aprendeu a língua francesa, que é completamente diferente da sua língua materna: o árabe.
Muito simpático, Abdou conheceu o Líbano inteiro como chefe de partido político, e em cada lugar que passava conquistava um coração possuindo assim, pelo menos uma namorada por cidade. Porém, deixou claro que nunca fez mal a nenhuma moça.
Como o bom aventureiro que é, resolveu explorar novos lugares. Escolheu o Brasil, onde morava um tio, irmão de sua mãe e em 1956, mudou para cá com seu próprio dinheiro. Não falava português, mas falava francês que é semelhante, por isso, conseguiu se virar nos primeiros momentos. Como é muito esperto e inteligente, logo aprendeu o idioma de seu novo país.
Foi para a cidade de Governador Valadares, no estado de Minas Gerais. Como seu tio começou a tentar lhe explorar financeiramente, tal como fazia ainda no Líbano, resolveu mudar para Viçosa, onde já morava um primo, Fuad Chequer, há muitos anos.
Em Viçosa, Sr. Abdou trabalhou como comerciante. Com o passar do tempo, foi prosperando, comprou uma casa própria em uma rua mais afastada, mas ainda no centro da cidade e na garagem montou uma vendinha, onde vendia de tudo: roupas, comida, doces, sapatos. Mais tarde, os doces da venda foram fazer a alegria dos netos de Sr. Abdou, que entravam na loja correndo a procura de chicletes e balas.
Um belo dia, conheceu aquela que seria sua esposa: Maria Said, da cidade vizinha a Viçosa, Cajuri. Com ela, que coincidentemente era filha de Libaneses, casou e teve quatro filhos: Jamile, Amira, Flávio e Elias e cinco netos.

Voltou ao Líbano duas vezes para rever seus familiares. Na última vez que foi a seu país, em 1999, encontrou no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro o ex-governador fluminense Leonel Brizola, tirou uma foto com ele e revelou ao político que todos o consideravam parecido com ele fisicamente.

Admira muito a família, sobretudo seus antepassados, como seu avô, que era político e muito bem quisto pelo seu povo. Também relembra com muito carinho de sua esposa, Maria Said Obeid, falecida a pouco tempo.
Defende o estudo e a busca pelo conhecimento, ressaltando a importância de se saber o que está acontecendo no mundo, pois só assim o indivíduo cresce. Gosta muito de política, é bastante religioso, pacífico, muito bem humorado, falante, possui uma conversa agradável e uma personalidade forte.

7 comentários:

Mary Azevedo disse...

História bacana. Tem gente que procura muito até encontrar seu lugarzinho no mundo.
Parabéns pelo relato!

P.s.: E como assim ele é parente do Fuad Chequer?! (sempre acho estranho qdo alguém faz referência a pessoas que são "nome de rua" se referindo a pessoa mesmo e não à rua.)

Diego Alves disse...

Ficou muito legal a história!
Vo procurar umas fotos boas e mando o mais rápido possivel

Joséllio Carvalho disse...

Pra quem não sabe, ele é vô do Diego!

Débora Antunes disse...

Sério que era avô do Diego? Ele era o Dom Juan Libanês!

Diego Alves disse...

Era não, Débora, é!
Graças a Deus ele é vivo, com 87 aninhos....:)

Carlos d'Andréa disse...

Estas histórias de imigrantes são sempre uma saga... Muito interessante. Ele teria alguma coisa a ver com um restaurante árabe que existia (ou existe) em Viçosa? Meu pai diz ter comido lá uns 10 anos atrás, e não se lembra onde ficava.

Iganem disse...

Olá, gostei muito de ler essa história, pergunte ao Sr, se ele conheceu o Sr. Abel Ganem, em teófilo Otoni, ele é meu bisavô, e foi o primeiro libanês a chegar aqui na cidade, a um bom tempo atrás!

Abraços, qualquer coisa me manda um e-mail ou add no msn, iganem@hotmail.com