quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Retrato de uma lutadora

Tem pessoas que fazem da luta pela justiça social uma das principais marcas da sua personalidade. Uma dessas pessoas é Luiza Correa Freitas de Amorim.



Era uma vez... uma menina muito curiosa e que adorava ler histórias. Luiza é a filha mais velha dos seis filhos de Pedro e Olga. Nasceu no Rio de Janeiro, em um momento em que o mundo comemorava o final da II Guerra Mundial. Herdou o nome da avó materna, uma senhora portuguesa cheia de personalidade.

Desde cedo, por ser a mais velha, Luiza teve que ajudar em casa, principalmente cuidar de seus irmãos mais novos. A vida da família não era fácil. O pai de Luiza, o sábio Seu Pedrinho, tinha que trabalhar em mais de um emprego para poder manter a família. No Natal, como não tinha dinheiro para comprar presentes para todos os filhos, sempre dava livros de história, e dizia que esse presente, além de ser para todos, seria lembrado para sempre.

Apesar de ser muito estudiosa e gostar de ir à escola, o momento que Luiza aguardava ansiosamente eram as férias! Durante as férias, ela e seus irmãos iam para a casa das tias-avós, uma casa com um quintal grande, com uma acolhedora casinha de bonecas, onde diversas histórias e brincadeiras tinham seu espaço garantido.

Nesse meio tempo a situação política do país foi se complicando e a terrível ditadura militar foi implantada no Brasil. Nessa época, Luiza estava terminando o curso clássico (antigo ensino médio voltado para os estudantes que optavam pela área de humanas). Quando terminou a escola, embora quisesse ir logo para a faculdade, Seu Pedrinho não deixou, porque sabia como era sua filha. e temia que suas idéias a levassem a ser presa pela polícia. Por isso, ele pediu que ela esperasse um pouco. Então, Luiza começou a trabalhar como professora.

Um pouco mais velha e mais amadurecida, após estudar alguns meses num cursinho pré-vestibular, ela conseguiu passar no concorrido vestibular para Letras na Universidade Federal Fluminense, em Niterói. Na época a relação candidato vaga passava dos 40, mas com muito empenho e determinação ela conseguiu vencer esse desafio. Durante a faculdade, Luiza perdeu alguns colegas, vítimas dos militares, mas esses fatos tristes não abalaram sua fé que dias melhores viriam.

Sua rotina era bastante puxada! Luiza estudava em Niterói, mas continuava morando no Rio. Além de estudar, ela trabalhava em duas escolas diferentes, ou seja, dormia muito pouco, saia de casa muito cedo para pegar uma barca e ir para a UFF, voltava para o Rio, ia para uma escola pela tarde, e ainda dava aulas a noite. Mas essa correria nunca fez com que ela fosse menos empenhada com os estudos, sendo sempre uma das melhores alunas da sala.

O tempo foi passando, Luiza se formou, fez pós-graduação, continuou dando aulas de Português, Inglês e Literatura, sempre muito respeitada entre os colegas e admirada pelos alunos. Era atuante no Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro, apesar de toda pressão e perseguições.

Um belo dia, num almoço de confraternização, ela conheceu José Mario, aquele que viria a ser o amor da sua vida. Com algum tempo de casados veio a surpresa: apesar de já ter 38 anos ela estava grávida. Muitos diziam que o neném não seria saudável, que era perigoso uma mulher daquela ter um filho, mas Luiza não desistiu e alguns dias antes do Natal, quase um mês antes da hora, nasceu sua filha Maria Inês.

Quando José Mario se aposentou, a família se mudou para Nova Friburgo, cidade da região serrana do Estado do Rio de Janeiro. Lá, Luiza fez muitas amizades, virou presidente da Associação de Moradores do seu bairro, Vale dos Pinheiros, participou do Sindicato dos Professores da cidade, fez parte de vários conselhos comunitários, como o de Segurança e Saúde. Sempre a frente de lutas para que a população de sua cidade tenha uma vida mais digna e justa.

Ela e seu marido estão à frente de um programa na rádio comunitária da cidade, a Rádio Comunidade FM. Em seu programa, o Comunidade em Debate, sempre são debatidos os principais assuntos da cidade e do Brasil, e o ouvinte tem sempre espaço para fazer seus comentários no ar, sem qualquer tipo de censura.

Agora, Luiza está aposentada, mas continua a frente de sua luta e de movimentos sociais. Em seu escasso tempo livre, gosta de ler jornal, assistir filmes, conversar com seus amigos e cuidar das flores do seu jardim.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Radioteatros: "O Gago" e "Medo de Avião"



Ouça os podcasts "O gago" e "Medo de Avião" feitos pela equipe do blog e alguns convidados.

No podcast "O Gago" fizemos um radioteatro contando uma das desventuras de Mônica Lemos, dona de uma loja de artigos para decoração.

Ficha técnica:

Produção: Fernanda Mendes, Inês Amorim e Paula Chaves
Artistas: Tiago Agostinho como o Gago, Inês Amorim como Mônica Lemos e Zana Ferreira como narradora.
Apoio técnico: José Tarcísio e Paulo Rosado
Sob a orientação do Professor Carlos d'Andréa

Já no podcast "Medo de Avião" contamos a divertida história de Maria Célia, mais conhecida como Té, e sua resposta original sobre o medo de avião.


Ficha técnica:

Produção: Fernanda Mendes, Inês Amorim e Paula Chaves
Artistas: Tiago Agostinho como Pedro, Inês Amorim como Mãe, Paula Chaves como narradora e Zana Ferreira como Té.
Apoio técnico: José Tarcísio e Paulo Rosado
Sob a orientação do Professor Carlos d'Andréa


Galera, um link para o nosso podomatic, onde vocês podem fazer os downloads dos podcasts!

http://era1vezalguem.podomatic.com/



sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Música em foco

Existem pessoas que já nascem com a música no sangue e não conseguem guardar para si essa paixão. Francisco de Assis, o Chiquinho, é uma delas que estão sempre levando a cultura da música para o povo.




Era uma vez...um menino nascido em uma pequena cidade de Minas Gerais, Ubaporanga. Vindo de uma família numerosa, Francisco de Assis é o 16º dos 17 filhos de Dona Julieta Rozado e do Sr. Bernardino Costa. Seu nome foi escolhido pela mãe, sempre muito religiosa, em homenagem ao santo protetor dos animais. Chiquinho aproveitou muito a infância ao lado dos seus amigos e irmãos. Brincavam de pique, carrinho de rolimã e construíam seus próprios brinquedos. Saiam de casa pela manhã e voltavam só a tardezinha deixando as mães preocupadas.


Com 15 anos Chiquinho foi para Viçosa trabalhar no escritório de contabilidade do irmão e continuou seus estudos à noite. Após concluir o ensino médio ele desejava continuar na cidade, mas como não tinha o curso de Ciências Contábeis na UFV ele matriculou-se em um curso técnico de contabilidade em Ponte Nova. Trabalhava no período da manhã e da tarde com seu irmão e à noite estudava. Em 1983 formou-se e logo foi contratado como contador pelo grupo Mundial de Viçosa. Algum tempo depois, abriu seu próprio escritório de contabilidade. Seu negócio foi progredindo, e hoje é respeitado em Viçosa e motivo de orgulho para ele.

Chiquinho sempre esteve rodeado pela música. Ainda nos tempos de Ubaporanga, gostava de pegar escondido o violão de sua irmã, Laura e tocar. Sua casa vivia cheia de gente e eram freqüentes as festas animadas pela música. Acostumado a ouvir somente as rádios de sua cidade, foi em Viçosa que ele pôde abrir o leque para a música. Costumava a tocar no Bar Miragem, que era uma referência musical em Viçosa. Foi lá que conheceu sua esposa Marisa, e se casaram em 1986. Neste mesmo ano tiveram sua primeira filha Nívea e dois anos mais tarde o caçula, Ramon.

Chiquinho e seus amigos se divertiam tocando, cantando e saindo pelas ruas de Viçosa fazendo serenata. Mas foi somente mais tarde que surgiu seu primeiro grupo musical, o Comitiva, que tocava musica regional. Tocador de viola, Chiquinho sentia falta da divulgação desse gênero em Viçosa. Em 1996, propôs para a Rádio Universitária um programa sobre viola e desde então apresenta o Cheiro de Relva. Quando o programa fez um ano, Chiquinho fez um encontro de violeiros para comemorar. O evento, que é realizado anualmente, virou uma referência em Minas Gerais.

Atualmente Chiquinho faz apresentações em vários eventos, junto com seu filho Ramon ou com seu grupo Cheiro de Relva. Solidário e apaixonado pela música caipira e cultura popular, ele alia o útil ao agradável. Promove eventos musicais sem esquecer-se do lado social, arrecadando alimentos e brinquedos para os mais carentes. Além disso, Chiquinho possui vários projetos para levar a arte e a música até a população, mostrando a importância que elas têm na vida de cada um.